Autossabotagem é um padrão sutil de autodepreciação progressiva de quem somos e do que queremos na vida. Mas qual o preço que pagamos por isso?

Falar sobre autossabotagem exige uma reflexão importante: imagine se depois de todo um trabalho de autodesenvolvimento em que você se conhece melhor, e começa a entender quem é (em resposta à pergunta: quem você pensa que é?), você então sente que "travou". 

E de repente começa a justificar todas as razões pelas quais não deve fazer aquela mudança tão esperada,  e a motivação transforma-se em estado de pânico e um misto de angústia com medo.

E começa aos poucos a não honrar aqueles pequenos compromissos que fez consigo, tipo: cuidar da saúde, dormir mais cedo, comer mais saudável, cuidar da sua energia, contatar aquela pessoa importante para seus planos, socializar, e assim por diante. 

Sabe o nome disso? Autossabotagem.

👉🏽Isso significa que seu subconsciente está lhe trazendo de volta para sua zona de conforto, tentando protegê-la como se você estivesse em perigo mortal ao tentar mudar sua mentalidade (mindset).

Nesse caso, você se torna seu pior inimigo e sua mente, sua pior conselheira.

Você passa a ser uma espécie de agente duplo, dentro de seu próprio corpo. Por um lado age inocentemente disfarçado de alguém que lhe deseja o melhor, enquanto por ‘trás dos bastidores’ você trai suas intenções e propósito de vida a todo momento.

➡️ E como reconhecer a autossabotagem e o inimigo interno e transcender os problemas que lhe causam?

Veja se algum dos tópicos abaixo se aplica ao seu relacionamento consigo mesmo ... ou seja, identifique o inimigo que tem dentro de você e o encare para que você possa viver sua sua vida em vez de se esconder dela e assim evitar a autossabotagem.

1) Um inimigo é intolerante.

Por definição, os inimigos querem conquistar ou destruir o outro lado, geralmente porque odeiam uma parte fundamental da identidade de seu oponente. O que em você lhe desagrada? E por quê?

Como você não pode se retirar de si mesmo, pode ser um bom momento para intermediar uma trégua. A melhor maneira de começar é praticando aceitação; e isso não significa amar ou até gostar o que você desgosta em si mesmo.

🔶 Observe que você não pode mudar esse estão emocional (e muitas vezes subconsciente)  imediatamente.

Mas, se você simplesmente encarar o que em você lhe desagrada e parece inaceitável, a sua ansiedade pode começar a diminuir pois não é mais um desconhecido a ser temido.

E à medida que você aprende a ver o que julga serem suas falhas, elas são mais toleráveis, se tornam menos arraigadas e mais fáceis de mudar. O que resistimos persiste; o que aceitamos pode ser mudado.

O que em você, poderá começar a ser melhor tolerado... até ser conquistado/melhorado a seu contento?

2) Um inimigo explora FRAQUEZAS

Se tem uma apresentação no trabalho, você treina bastante e se critica além do normal, se as coisas não foram como esperava?

Depois, você repete tudo em sua cabeça, de novo e de novo, se atormentando, como uma tortura chinesa, enquanto se encolhe e se xinga sob vergonha? Isso é como a sua mente sem direção o ataca, sem dó e nem piedade ... se você permitir e se deixar afogar em sua própria autossabotagem.

Sugiro que da próxima vez que estiver sob ataque mental, medite, busque ajuda profissional se preciso, e reflita, diga a si mesmo: "Não foi perfeito, mas estava bem". Ou "Você fez o seu melhor. Não pode fazer mais do que isso”.

E aprenda com seus erros, use de gentileza para consigo.

🔶Suas fraquezas não podem ser palco para tortura mental e sua vulnerabilidade precisa ser um ponto de partida para se fortalecer em vez de se autoflagelar. 

Muitos de nós tendem a pensar que nossos atributos e ações são o palco da atenção das outras pessoas, dos vizinhos, ‘dos outros’.

Quando na verdade, as pessoas estão preocupadas consigo mesmas. E mesmo quando nos criticam, não somos o centro da atenção da vida delas, como fantasiosamente pensamos, e portanto nossa preocupação excessiva com o que os outros pensam de nós não faz o menor sentido.

Quanto mais lembrarmos disso, menos ‘palco’ daremos à nossa mente e menos espaço terá para constantemente nos martirizar ao lembrar de nossas fraquezas como um disco de uma música só,  sem nos dar uma possibilidade de melhora e empatia para conosco.

3) Um inimigo nunca perdoa.

Você se lembra da festa de Ano Novo do escritório em 2002, quando você teve uma margarita a mais e fez a dancinha da garrafa? Claro que você lembra!

E mesmo que você ache que todo mundo também lembra, eu garanto que ninguém está lembrando tanto quanto você pensa.

Quem tem tempo a perder com essas lembranças? Somente seu inimigo interior! Ah, esse tem todo o tempo do mundo pra reviver suas culpas como um filme em sua cabeça, sem cessar.

Minha sugestão é que você identifique seja qual for o recurso  que funcione pra você (EMDR, espiritualidade, terapia, meditação, arte criativa etc) para primeiro perdoar-se e então substituir essas imagens por comandos positivos.

Isso se chama LIBERTAÇÃO .

Uma guerra contra você nunca pode ser vencida. 

A única vitória verdadeira acontece quando você deita as armas e faz amizade com o inimigo ... Nesse caso, quando faz amizade com o seu autossabotador interno.

E se você puder fazer as pazes consigo mesmo, verá que o mundo inteiro se torna um lugar mais gentil e acolhedor.

Para uma arma secreta na luta contra si mesmo, lembre-se da Oração de Serenidade de Reinhold Niebuhr, que começou como um sermão da igreja e se tornou a ladainha de grupos de 12 etapas em todos os lugares: "Deus, dê-nos a graça de aceitar com serenidade as coisas que não podem ser mudadas, coragem para mudar as coisas que podem ser mudadas e sabedoria para distinguir uma da outra".

O perdão próprio é a essência dessa Oração de Serenidade que ajuda a aceitar o que está no passado e a mudar o que está ao seu alcance para mudar (por exemplo, sua autossabotagem habitual).

Essas pequenas regrinhas a ajudarão a identificar o inimigo interior e acabar com os boicotes e autossabotagem que a impedem de ser feliz como deseja, levando sua vida para o proximo nível.

Vamos começar?

Forte abraço,

Siglia